Água da transposição só será bombeada para a PB em caso de emergência, diz ministério

O trecho do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco que entra na Paraíba, inaugurado em 2017, na cidade de Monteiro, no Cariri, está com o bombeamento parado desde fevereiro de 2020, conforme declarou o presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (AESA), Porfírio Loureiro.

O gestor, no entanto, afirma que a solicitação do religamento do sistema já foi feita ao Governo Federal, mas o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) confirmou que o fornecimento de água só será restabelecido em caso de emergência.

Loureiro informou ao Portal Correio que o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), responsável pela gestão do manancial no âmbito nacional, tem dado preferência a situações emergenciais, nas quais, segundo reconheceu, a Paraíba não se enquadra no momento atual, não havendo risco de desabastecimento.

O MDR, em nota oficial divulgada no fim do mês de janeiro, confirmou essa informação, que, de acordo com o presidente da Aesa, segue sem alterações.

“A Paraíba foi atendida em 2017 pela Transposição do Rio São Francisco. Se isso não tivesse acontecido, cidades do estado, incluindo Campina Grande, sofreriam colapso. No momento atual não há esse risco. Fizemos a abertura nos açudes de Poções, Camalaú e Cordeiro, que chegaram a ter 100% de ocupação após as chuvas de 2020, para perenizar o Rio Paraíba e garantir o sustento da população ribeirinha”, disse Loureiro, que reconhece que essa parcela populacional seria beneficiada caso o bombeamento não tivesse sido bloqueado.

Para 2021, ele informou que o Estado pediu, no Plano Operativo Anual (POA), um volume de 117 milhões de metros cúbicos. “Encaminhamos o POA à Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) desde outubro de 2020, já com informações referentes também aos anos de 2022 e 2023. Em seguida os dados são enviados à ANA (Agência Nacional de Águas), que delibera sobre as demandas”, explicou Loureiro, garantindo que não há qualquer problema técnico, operacional ou estrutural que impeça a chegada da água à Paraíba neste momento.

Porfírio contou ainda que na semana passada houve um religamento breve do bombeamento apenas para manter a integridade da estrutura.

MDR confirma

Questionado sobre a interrupção do fornecimento de água, o MDR confirmou que a operação do Eixo Leste na Paraíba só será restabelecida em caso de emergência.

“Em decorrência das chuvas abundantes no estado da Paraíba em 2020, o bombeamento do Projeto São Francisco na região foi interrompido no segundo trimestre, uma vez que os reservatórios apresentavam segurança hídrica”, afirmou a assessoria de imprensa do ministério.

O MDR também afirmou que “até o momento, o Governo Federal não recebeu novas demandas por parte do estado da Paraíba para a liberação de abastecimento emergencial”.

Parlamentares contestam

O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB) tratou na semana passada, em audiência com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, sobre as interrupções no bombeamento da água do Rio São Francisco, no Eixo Leste da Transposição.

O deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB/PB) também se manifestou sobre a questão e entrou em contato direto com a Codevasf.

Em entrevista ao programa “Correio Debate”, da TV Correio, o parlamentar chegou a afirmar que presenciou a parte de Pernambuco do ramal da transposição com água, enquanto a parte da Paraíba estaria sem água porque transformadores que acionam as comportas para a passagem da água teriam sido roubados.

Perguntado sobre este problema, o MDR afirmou que não registrou sumiço de transformador no local.

Conforme os parlamentares, tanto o ministro quanto a Codevasf deram a posição de que o Governo do Estado deve fazer o pedido pelo bombeamento, situação que o presidente da Aesa afirmou já ter ocorrido.

Eixo Norte

Quanto ao Eixo Norte da Transposição, que objetiva o atendimento do Sertão do estado, o presidente da Aesa disse que não há previsão de chegada de água à Paraíba por esse trecho em 2021.

Devido à falta de previsão para esse trecho, Loureiro afirmou que a Aesa não encaminhou à gestão federal nenhum Plano Operativo Anual, mas, caso haja perspectiva do fornecimento de água, o Estado também fará a solicitação específica referente ao Eixo Norte.

Portal Correio

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