Fiocruz investiga no Rio de Janeiro dois casos suspeitos de mal da vaca louca

 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está investigando dois casos suspeitos do mal da vaca louca em moradores da Baixada Fluminense.

Os dois pacientes estão internados, em isolamento, no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), em Manguinhos, na Zona Norte do Rio.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que um reside em Belford Roxo, e o outro, em Duque de Caxias.

A Fiocruz não disse se são mulheres ou homens, há quanto tempo estão internados, nem onde ocorreu a suposta contaminação — ou se a doença se manifestou espontaneamente.

Em nota nesta quinta-feira (11), a Fundação confirmou que “o INI/Fiocruz recebeu dois pacientes com suspeita de encefalopatia espongiforme bovina, popularmente conhecida como ‘Doença da Vaca Louca’. Ambos estão internados no Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 do INI”.

A doença da vaca louca ficou conhecida nos anos 80 e 90 depois que um surto no Reino Unido fez com que milhões de cabeças de gado fossem abatidas.

O mal da vaca louca é uma doença cerebral, degenerativa, fatal, que afeta gado e pode infectar humanos se houver o consumo de carne contaminada.

Em setembro, o Ministério da Agricultura e Pecuária tinha confirmado dois registros da doença em animais em Belo Horizonte (MG) e Nova Canaã do Norte (MT).

Na época, o ministério afirmou que foram dois casos atípicos, isolados, de gado que não chegou a ser comercializado. Ou seja, sem risco à saúde pública.

Desde então, no entanto, as exportações de carne bovina do Brasil para a China estão suspensas. Pequim é o maior comprador, e a paralisação tem derrubado o preço da arroba.

O surto nos anos 80 e 90

O primeiro grande surto da doença teve seu auge entre 1992 e 1993, quando foram confirmados quase 100 mil casos no Reino Unido. Estima-se que 180 mil cabeças de gado tenham sido afetadas e mais de 4 milhões de animais foram sacrificados na época.

Durante este período, o consumo de carne bovina ficou, inclusive, proibido naquele país.

O que é a doença da vaca louca?

A enfermidade é fatal e acomete bovinos adultos de idade mais avançada, provocando a degeneração do sistema nervoso. Como consequência, uma vaca que, a princípio, era calma e de fácil manejo, por exemplo, se torna agressiva, daí o apelido do distúrbio.

A encefalopatia espongiforme bovina é gerada por uma proteína infecciosa chamada príon. O príon já é presente no cérebro de vários mamíferos naturalmente, inclusive no ser humano — contudo, ele pode se tornar patogênico ao adotar uma forma anormal e se multiplicar demasiadamente.

Quando isso acontece, o príon mata os neurônios e no lugar ficam buracos brancos no cérebro, por isso o nome da doença de “espongiforme”, já que os buracos têm a forma semelhante a de uma esponja. Veja abaixo.

O príon doente mata os neurônios, deixando buracos brancos no local, semelhantes a uma esponja — Foto: Reprodução / Globo Rural

Como a vaca é contaminada?

Existem duas formas principais para o animal adquirir a doença:

  • caso de origem atípica: nele, naturalmente, o príon sofre uma mutação, se tornando infeccioso. Quanto mais velho o animal, maior a probabilidade de acontecer;
  • contaminação: por meio do consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como farinha de carne e ossos de outras espécies. No Brasil, é proibido o uso deste tipo de ingrediente na fabricação de ração para bovinos.

Não há indícios de que uma vaca transmita a doença para a outra, mas, caso ela seja diagnosticada com o mal, o produtor deve colocá-la para o abate e incinerar o corpo, a fim de evitar que se torne alimento para alguma espécie.

O criador também deve avisar ao serviço oficial de defesa sanitária.

Humanos podem ser contaminados?

Assim como nos animais, os humanos podem desenvolver o príon infeccioso naturalmente ou adquirir no consumo de carne infectada. Em seres humanos, existem duas variedades da doença, veja a seguir:

Ambas as doenças têm alguns sintomas em comum, como perda de memória, perda visual, depressão e insônia.

É possível que uma pessoa tenha adquirido o problema e ela não manifeste sintomas por anos.

Quando identificado, o paciente pode ser tratado com antivirais e corticóides. No entanto, aproximadamente 90% dos indivíduos acometidos morrem em um ano.

O diagnóstico pode ser feito por meio de exame laboratorial. Não há indícios da transmissão entre humanos, segundo o Ministério da Saúde, exceto em caso de contato com o sangue do paciente.

 

tvglobo

Facebook
Twitter
WhatsApp