O Hamas disparou foguetes contra Israel nesta segunda-feira (10), a partir da Faixa de Gaza, após confrontos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses em Jerusalém deixarem centenas de feridos nos últimos dias.
Segundo autoridades de saúde de Gaza, pelo menos 20 palestinos, incluindo nove crianças, morreram após a reação israelense.
O grupo que controla Gaza havia dado um ultimato a Israel para que retirasse as forças policiais na região da mesquita de Al Aqsa até as 18 horas (12 horas em Brasília) e disse que o ataque foi “em resposta à agressão do inimigo na cidade sagrada”.
Minutos após o término do prazo, sirenes de alerta soaram em Jerusalém e perto da fronteira de Gaza. Israel respondeu com ataques aéreos em Gaza e o revide causou as mortes, segundo a imprensa israelense.
Militares israelenses afirmaram que realizaram ataques contra grupos armados, lançadores de foguetes e postos militares em Gaza depois que militantes cruzaram o que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou de “linha vermelha”, atirando na área de Jerusalém pela primeira vez desde uma guerra em 2014.
Os disparos de foguetes e os ataques aéreos israelenses continuaram até tarde da noite, com os palestinos relatando fortes explosões perto da Cidade de Gaza e na faixa costeira. Pouco antes da meia-noite no horário local, os militares israelenses disseram que militantes palestinos tinham disparado cerca de 150 foguetes contra Israel, dos quais dezenas foram interceptados por seus sistemas de defesa antimísseis.
O temor é que escalada de tensão, que já dura quatro dias e deixou centenas de feridos, pode ser o prenúncio de uma nova Intifada palestina.
A pedido da Tunísia, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta segunda para debate a situação em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel há mais de cinco décadas (veja mais abaixo).
O grupo realizou uma reunião a portas fechadas, em Nova York, e após o encerramento o representante da China, país que ocupa a presidência este mês, escreveu a seguinte mensagem em uma rede social: “Vamos trabalhar juntos para diminuir a escalada”.
Já a a missão da Noruega na ONU postou que é “fundamental que líderes políticos, religiosos (e) outros façam tudo o que puderem para diminuir essa situação volátil. Todas as medidas destinadas a alterar a composição demográfica, caráter (e) status do Território Palestino ocupado desde 1967 são ilegais”.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que os ataques com foguetes de Gaza contra Israel deveriam parar “imediatamente”, e pediu a todos os lados que tomem medidas para reduzir as tensões.
Quatro foguetes já haviam sido disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel no domingo e mais três projéteis foram lançados nesta segunda, segundo militares israelenses.
Mas o Hamas não tinha assumido a autoria dos ataques. Mesmo assim, Israel já havia respondido ao ataque de domingo com tiros de tanques contra posições do grupo que controla Gaza.
O país também fechou a passagem de fronteira de Erez, a única que permite aos moradores de Gaza entrar em Israel.
Dia de Jerusalém
O ataque com mísseis e os confrontos entre palestinos e policiais israelenses em frente à mesquita de Al-Aqsa, na Esplanada das Mesquitas, ocorrem no “Dia de Jerusalém”.
A data do calendário hebraico celebra o dia em que Israel conquistou Jerusalém Oriental e a Cidade Velha, que abriga lugares sagrados muçulmanos, judeus e cristãos, em 1967.
O Dia de Jerusalém é feriado nacional em Israel e é uma data sempre carregada de tensão. Em 2021, ela coincide com o fim do Ramadã, o mês do jejum muçulmano.
Os confrontos têm ocorrido nos últimos dias na Cidade Velha, no complexo da mesquita de Al-Aqsa, que é conhecida pelos muçulmanos como Santuário Nobre e pelos judeus como Monte do Templo.
O local é considerado o mais sagrado do Judaísmo e o terceiro mais sagrado do Islã.
Nesta segunda, um palestino chegou a ser atropelado após apedrejar o carro de um israelense.
Centenas de feridos
Mais de 300 pessoas ficaram feridas e mais de 200 foram hospitalizadas na segunda-feira, segundo médicos palestinos. Desde o início dos confrontos, na sexta-feira (7), mais de 600 se feriram.
Os confrontos explodiram na sexta, após um grupo de palestinos ser impedido de entrar no complexo da mesquita Al-Aqsa.
Um grupo protestava após Israel anunciar que vai seguir com o despejo programado de dezenas de famílias palestinas no bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental.
Não houve protestos na praça no sábado (8) e no domingo (9), mas os confrontos entre palestinos e polícia israelense se espalharam para outras áreas de Jerusalém Oriental.
Despejos em Jerusalém Oriental
Em meio aos confrontos, uma audiência que seria realizada nesta segunda na Suprema Corte de Israel, para analisar os despejos, foi adiada.
Um tribunal de primeira instância já decidiu a favor da reivindicação dos colonos judeus sobre as terras onde as casas dos palestinos estão localizadas.
Jerusalém Oriental é reivindicada como a futura capital da Palestina, e palestinos veem a decisão como uma tentativa de Israel de expulsá-los.
Israel diz que Jerusalém é sua capital e indivisível, mas a grande maioria da comunidade internacional reconhece Tel Aviv como a capital do país.
G1