Pelas recomendações de distanciamento físico e de evitar locais com muitas pessoas, o transporte público vem sendo tema de constantes debates e receios desde o início da pandemia. Nem todos os usuários puderam (ou podem) ficar trabalhando em casa, por isso, o transporte público é essencial para aqueles que precisam sair para desempenhar suas atividades profissionais ou resolver situações essenciais.
Para obter dados sobre os riscos reais do setor e fugir da opinião do senso comum, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) realizou o estudo técnico “Análise da Evolução das Viagens de Passageiros por Ônibus e dos Casos Confirmados da Covid-19” para verificar a relação transporte público e contaminação por Sars-Cov-2. O estudo pode ser conferido através do link.
A pesquisa foi realizada com dados de passageiros transportados em 15 sistemas de transporte que englobam 171 municípios. Esses dados foram cruzados com registros de casos da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas mesmas cidades e concluiu-se que não há evidências estatísticas de que uma coisa esteja relacionada com a outra.
A metodologia utilizada para a análise estatística dos resultados foi o coeficiente de Pearson, que mede o grau de correlação e sua direção, se positiva ou negativa, entre duas variáveis. Ele admite valores entre -1 e +1, sendo que, nos extremos, 0,9 para mais ou para menos significa uma correlação muito forte, enquanto 0,3 a 0,5 positivo ou negativo indica correlação fraca e 0 a 0,3 positivo ou negativo revela correlação desprezível ou falta de correlação.
A análise constatou uma variação considerável nos dois indicadores, tanto de casos confirmados quanto de viagens realizadas. Nas sete primeiras semanas (da 14ª até a 20ª) e nas cinco últimas (da 26ª até a 30ª), a demanda do transporte coletivo por ônibus foi superior ao registro de contaminações pelo coronavírus. Por outro lado, entre a 21ª e a 25ª semana, o número de casos foi superior às viagens. As ocorrências de Covid-19 foram analisadas em 17 semanas epidemiológicas, de 29 de março a 25 de julho de 2020.
Apesar de a pesquisa ter apontado que o risco de contágio no ônibus é o mesmo de outros ambientes com várias pessoas, o cuidado individual, como uso apropriado da máscara e higienização das mãos, além dos protocolos de segurança do setor são essenciais, como aponta o diretor institucional do Sintur-JP, Isaac Júnior Moreira.
“Nos ônibus, o uso de máscara por funcionários do sistema e passageiros é essencial e obrigatório. As janelas estão sempre abertas para facilitar a circulação e renovação do ar. Desde o início da pandemia, estamos reforçando a higienização da frota. Os veículos são higienizados antes de saírem das garagens, durante a jornada e no fim do dia, quando retornam. No interior dos ônibus, também há pontos com álcool em gel. Além disso, estimulamos com campanha publicitária o uso do cartão Passe Legal para pagamento das passagens, uma vez que seu uso é pessoal e de fácil higienização”, complementou Isaac.
De acordo com estudos médicos recentes, a adoção de medidas preventivas continua sendo a melhor opção para enfrentar o vírus. O passageiro que tiver que utilizar o transporte público deve sempre usar a máscara cobrindo o nariz e a boca e, se possível, higienizar as mãos antes e depois das viagens.
Assessoria