SOU PROFESSOR E NÃO ESTOU COM LULA

(Por: José Valdemir Alves)

O texto a seguir não é para convencer o voto de ninguém. Trata-se de um testemunho de um professor atuante há mais de duas décadas em sala de aula. Alguém que busca a verdade dos fatos. Que não se restringe a se informar em sua “bolha”, mas que busca conhecer o tempo todo. Caso não concorde com os pontos aqui levantados, é um direito seu, mas não se abstenha de entrar em contato com outro ponto de vista. Dito isto, vamos lá…

É inegável o apoio massivo entre os professores ao candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva. Há diversas explicações para tal endosso político. O principal e mais observável é a formação acadêmica desses docentes. Os cursos universitários têm um currículo propenso à visão esquerdista tanto na forma didática (prática de ensino) como nos conteúdos – em que autores progressistas/socialistas são privilegiados para a orientação intelectual dos futuros professores.

Isso sem mencionar que os docentes universitários são, na imensa maioria, de orientação esquerdista, principalmente pelo motivo mencionado anteriormente. Raros são aqueles que se dizem conservadores e de direita. E quando o fazem, acabam sendo boicotados na própria academia, que deveria ser um espaço plural de ideias. Os professores desse espectro político sofrem preconceito por parte de seus pares, chegando até o ponto de entrarem no ostracismo intelectual.

Essa perseguição também acontece, de modo ainda mais dramático, com os discentes que ousam explicitar sua preferência política. Geralmente, eles são preteridos em seleções de bolsas de pesquisas e em bancas para ingresso em pós-graduações (especializações, mestrados e doutorados).

Falando sobre os docentes do ensino básico (ensino infantil ao médio), pode-se também elencar como um dos fatores para o apoio desses ao ex-presidente a memória afetiva, que remete a uma época em que a economia brasileira apresentou ótimos indicadores e havia crédito fácil para aquisição de imóveis, carros e outros bens duráveis – sobretudo entre 2005 a 2010, nos mandatos de Lula.

Acontece que essa época em que o governo adotou uma política econômica foi responsável por uma das piores crises que se abateriam sobre o Brasil, a partir de 2014. Lula apostou no endividamento público para promover o consumo no ramo imobiliário, no automobilístico e no de bens duráveis (televisão, geladeira, fogão etc.) por meio da oferta de crédito e desonerações fiscais [1], apostando que, aumentando o consumo, os bens adquiridos impulsionariam a produção, gerando emprego e, por conseguinte, renda, dando poder de compra às pessoas, que consumiriam mais e assim fariam a “roda da economia girar”. Lembremos que na época de Lula no poder, o dólar estava em desvalorização, o que favoreceu bastante nossa economia.

Outro investimento massivo da era petista – e aqui se inclui os seis anos de Dilma no poder que, como todos sabemos, é cria política de Lula – se deu no campo da educação, sobretudo no ensino superior [2]. O período petista foi marcado por um imenso investimento de recursos públicos no ensino superior [3], o que não foi observado no ensino básico, não na mesma proporção, pelo menos.

Ainda sobre o ensino superior na era petista, houve uma grande expansão no número de vagas em instituições públicas e privadas através de programas como o ProUni (programa do Governo Federal do Brasil criado com o objetivo de conceder bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior) e FIES (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, programa do Ministério da Educação do Brasil, criado em 1999, destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas). Ambos os programas estimularam o mercado do ensino superior privado.

Numa analogia para entendermos o que aconteceu em termos de investimentos em educação na era petista, é como se a educação fosse uma casa e os governos petistas decidissem construir essa casa partindo do telhado ou, no mínimo, fazendo paredes fracas (ensino básico) para ter um telhado bonito e resistente. Obviamente que o resultado seria desastroso, como na analogia feita. E de fato foi. Houve uma massificação no ensino superior, que não foi acompanhada de uma qualidade exigida por essa etapa da educação. Resultado: um exército de professores militantes em sala de aula e uma porcentagem altíssima de analfabetos funcionais nas mais diversas áreas [4].

Por outro lado, não se pode negar que o ensino básico recebeu grandes aportes orçamentários durante a era petista. O transporte escolar foi perceptivelmente melhorado e quase universalizado – infelizmente, nem todos os prefeitos e governadores fizeram o uso adequado desses recursos; verbas para compra de equipamentos e materiais escolares começaram a ser repassadas para as escolas via conselho escolar por meio de PDE (Programa de Desenvolvimento da Escola) e PDDE (Programa Direito Direto na Escola); programas como o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e Mais Educação buscaram diminuir a evasão escolar e aumentar a participação dos estudantes nas atividades escolares.

Outra medida que impactou a classe docente foi a aprovação da Lei do Piso Nacional do Magistério, em 2008, estabelecendo o valor mínimo pago pelo efetivo exercício docente em sala de aula. Antes, ficava a critério de cada ente, público ou privado, o pagamento da remuneração aos professores. Com muita luta e ajuda do governo federal, o piso nacional do magistério é pago em quase todo o território nacional.

Pois bem, até aí dá para entender um certo saudosismo do período petista no poder. Porém, quando são levantadas outras questões, o apoio ao petista se torna insustentável. Se não, vejamos.

O FIES foi vendido como um programa bem-sucedido para acesso de jovens ao ensino superior. O que muitos desconhecem é que, sem ter como pagar as parcelas após a conclusão do curso, mais de 700 mil universitários participantes do FIES se tornaram devedores do financiamento [5]. O atual presidente, Jair Bolsonaro, sancionou uma lei que perdoa 92% da dívida do FIES para esses milhares de devedores [6].

Foi também durante o período petista que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) começou a vigorar para demonstrar uma suposta qualidade na educação. Por que falo “suposta qualidade”? Este índice cruza dados como aprovação, reprovação e evasão escolar para dar um valor, que mostrará se a escola está ou não progredindo. O problema é que, em nome da manutenção ou aumento desse valor, a reprovação escolar se transformou em um quase tabu na comunidade escolar. Resultado: não poucos alunos são aprovados anualmente sem conhecimentos mínimos para a série posterior. Que o digam os números de exames como o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) [7].

Mas não poderia deixar de citar a questão da corrupção, marca maior do lulopetismo no poder. Os principais são o Mensalão (compra de apoio de deputados por meio de pagamento de valores mensais para aprovação de medidas favoráveis ao governo Lula), o Petrolão (esquema envolvendo políticos e funcionários da Petrobras em desvios bilionários na estatal), a roubalheira nos Correios, entre outros [8]. E por que falar em corrupção? Porque ela foi a principal causa da queda de Lula e sua turma e porque ela prejudicou, e muito, nosso desenvolvimento, sobretudo no âmbito da educação.

Vale lembrar: por causa de corrupção Lula foi preso e ficou na cadeia por mais de um ano e não saiu de lá inocentado, mais por causa de canetadas de ministros do Supremo Tribunal Federal, que chegaram ao ápice anulando as condenações do ex-presidiário – não inocentando-o como ele alega “ad nauseam”.

Outrossim, Lula faz campanha com bandeiras que deveriam ser repudiadas por todas as pessoas de bom senso, principalmente os formadores de opiniões como os professores. Cito algumas, para não dizer que não falei das flores. Lula defende ladrões de celulares; defende a pauta abortista; defende “regulação” da mídia e da internet [9] – veja como estão a Venezuela e a Nicarágua nesse sentido, em dois governos defendidos por Lula; defende ditaduras como a cubana e venezuelana, mas jura prezar pela democracia.

E se Lula voltasse ao poder – ou “à cena do crime”, como disse seu candidato a vice, Geraldo Alckmin, anos atrás –, teríamos novamente o período próspero vivenciado entre 2006 e 2010? Muito provavelmente, não! Basta ver os discursos de Lula quanto à economia: defende o endividamento para promover o consumismo; defende o fim do teto dos gastos, que controlou os gastos públicos e equilibrou as contas do governo; defende o controle às exportações para “conter os preços” dos alimentos, como já se fez na Argentina e o resultado não foi bom [10]; além da volta do velho fisiologismo, representado pelo loteamento de cargos em troca de apoio político, em detrimento de indicações técnicas de pessoas capazes, como aconteceu no atual governo.

Eu falei dos apoios políticos que Lula tem? José Dirceu, Renan Calheiros, Geraldo Alckmin, Guilherme Boulos, Marina Silva, a velha mídia (grupo Folha/UOL, grupo Globo etc.)… Só a nata!

Há vários passos para um país chegar ao “nível” de Cuba, podemos começar pelo exemplo chileno, seguirmos pelo exemplo argentino, andarmos em direção ao nicaraguense e ir em direção ao venezuelano. O condutor desse caminho da destruição atende pelo nome de Luís Inácio Lula da Silva. Não, eu não me formei e me informei, nem tampouco tenho memória curta para apoiar um ex-presidiário condenado em três instâncias por crimes de corrupção [11].

Que o Brasil realmente mantenha-se acordado, pois o preço da liberdade é a eterna vigilância.

_________________

Links consultados:

[1] O que realmente permitiu o grande crescimento econômico brasileiro da década de 2000. Disponível em: https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2190

[2] As políticas de expansão da Educação Superior do Governo Lula da Silva (2003-2010). Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/edpuc/v24n2/2318-0870-edpuc-24-2-225.pdf

[3] 3 razões para o Governo priorizar a Educação Básica, e não as Universidades. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/instituto-politeia/3-razoes-universidades-educacao-basica/

[4] Educação: 38% dos universitários são analfabetos funcionais. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/opiniao/2022/03/31/interna_opiniao,1356716/educacao-38-dos-universitarios-sao-analfabetos-funcionais.shtml

[5] Quase 730 mil contratos Fies estão com parcelas atrasadas há pelo menos um ano. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2022/08/09/quase-730-mil-contratos-fies-estao-com-parcelas-atrasadas-ha-pelo-menos-um-ano.ghtml

[6] Governo edita MP que concede abatimento de até 92% em dívidas do Fies. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/842669-governo-edita-mp-que-concede-abatimento-de-ate-92-em-dividas-do-fies/

[7] Brasil cai em ranking mundial de educação em matemática e ciências; e fica estagnado em leitura. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/12/03/brasil-cai-em-ranking-mundial-de-educacao-em-matematica-e-ciencias-e-fica-estagnado-em-leitura.ghtml

[8] Pra não esquecer, veja a agenda de corrupção cartelizada nos últimos 13 anos. Disponível em: https://correio-forense.jusbrasil.com.br/noticias/324763979/pra-nao-esquecer-veja-a-agenda-de-corrupcao-cartelizada-nos-ultimos-13-anos

[9] Lula volta a defender a regulação da mídia. Disponível em: https://revistaoeste.com/politica/eleicoes-2022/lula-volta-a-defender-a-regulacao-da-midia/

[10] Argentina foi prejudicada por redução na exportação de carne, diz especialista. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/argentina-foi-prejudicada-por-reducao-na-exportacao-de-carne-diz-especialista/#:~:text=No%20caso%20argentino%2C%20a%20redu%C3%A7%C3%A3o,rebanho%20menor%20no%20m%C3%A9dio%20prazo.

[11] Processos contra Lula: tudo arquivado, nada esclarecido. Disponível em: https://veja.abril.com.br/politica/processos-contra-lula-tudo-arquivado-nada-esclarecido/

José Valdemir Alves

José Valdemir Alves

TREZE ALERTAS

(Por: José Valdemir Alves) O presente texto é para você, eleitor(a) que não gosta de Lula e de Bolsonaro, que